quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Eu era um editor valeriano

 


Espaço, ligeiramente acima da órbita terrestre, uma estação serve de nexo para raças, culturas e alienígenas. Camões ficaria extasiado ao perceber que no futuro ainda se mudam os tempos e as vontades, só não muda o fenótipo do big boss de plantão.

Ainda mais de longe, um editor assiste para a cena.

«Não está certo, falta aqui uma mulher.»

É verdade. Ao invés de velhos brancos e chatos, podemos ter velhas brancas e chatas.

Mas e o(a)s novo(a)s?
E o(a)s negro(a)s?
E o(a)s judeu(ias)?

Não foram eles também importantes para a História da humanidade?

Não foi índio brasileiro uma inspiração para a revolução francesa? Porquê não um líder espacial nu e com o cabelo pintado de urucum? Será que não estarei a ser preconceituoso ao imaginar um índio que vai ao espaço, mas que continua pelado e com a mão no bolso? Será que ele ainda é índio se estiver vestido?

Homem…
Homem e mulher…
Negro, índio e judeu…

Não interessa quem for o líder, nos poucos minutos que o guionista tem para conseguir passar uma mensagem ao espetador, é impossível ser justo para com tudo e com todos.

E isto significa que tenho que fazer escolhas, objetivas ou não.

Opinião é como o rabo, alguém já dizia. O problema é que qualquer decisão será sempre baseada numa ideologia, numa visão de mundo, ainda que eu a chame de “opinião dos especialistas”.

Ao decidir entre homem e mulher, entre negro ou branco, estou a por em prática uma ideologia e a dizer para mim mesmo que ela é a mais correta. Mas pode não ser, e é por isso que há quem defenda o direito de liberdade de expressão acima de todos os outros.

«Não concordo com nada do que dizes, ó estúpido, mas defenderei até a morte o direito de o dizeres.»

Talvez eu possa ser objetivo e seguir a cartilha pela qual a minha empresa reza? Mas e se eu trabalhar para fascistas ou para comunistas que comem criancinhas? Abaixo a cabeça e lambo umas botas?

«Amém e gloria in excelsis, vós que detendes a caneta e o cheque.»

Quando a alternativa é a fila do instituto de emprego, a ética e os valores pessoais tendem a ir para o caixote do lixo.

E o mais engraçado é que tanto faz e tanto fez. Objetivamente ou não, as minhas decisões serão sempre parciais e refletirão sempre uma ideologia. E isso significa que, no fundo, são todas igualmente imperfeitas.

A História é escrita pelos vencedores e revisada pelos editores.

Talvez deva assumir-me como "isto" ou como "aquilo" e escolher… Talvez seja melhor seguir o livro de estilo de mais alguém e siga pra bingo…

Não há grandes convicções aqui, apenas editores que tentam publicar — on the fly — a vida certa para o público certo, e quando se falha há sempre o inferno que são os outros.

Sigo assim na tentativa de ser bestial, na esperança de não terminar como uma besta e na certeza de que quem nada faz, nada parte.

O que é editar?

 Olá a todos, decidi refletir um bocadinho sobre o primeiro ponto do programa - O que é editar? - e por isso aqui levam com as minhas deambulações.

Apesar da minha pouca experiência no mundo editorial, acredito que a resposta à pergunta "o que é editar?" não é única e linear. Mas, se tivesse de resumir o meu pensamento sobre a temática, diria que editar é tornar as ideias do autor compreensíveis para os destinatários do texto: os leitores. 

Seja um guião cinematográfico, um livro, uma revista ou mesmo uma notícia de jornal, o editor é quem torna todo o potencial que se encontra entre as linhas tortas dos rascunhos num conjunto coeso e interessante que possa ser lido pelas mais diversas pessoas. Podíamos mesmo dizer que a edição é o que dá sentido ao próprio texto. 

E, em certa medida, acredito que é através da edição que o livro, não só ganha vida, como também se torna cada vez mais democrático. São as editoras que apoiam os autores no lançamento dos seus livros, que os dão a conhecer. Sem elas, não teríamos conhecimento de muitas obras fantásticas e outras que nem tanto, mas que temos de conhecer para distinguir o bom do mau. 

A morte do artista

 7.6. A morte do artista

 

Olá a todos! Espero que se encontrem bem.

 

Decidi abordar o tópico “A morte do artista” pois trata-se de um tema que me interessa bastante e, por esse motivo, me inspirou algumas questões relativamente a como poderia este conceito relacionar-se com o mundo editorial. Quando primeiro passei pelo tópico 7.6, associei-o instintivamente ao conceito da morte do autor, desenvolvido na década de 60 por Roland Barthes, entre outros. Foi então com base nesta ideia que formulei esta pequeno texto.

 

Segundo esta teoria, a obra de um determinado autor deve ser analisada sem recorrer a qualquer tipo de paratexto. Ou seja, uma obra deve ser analisada e criticada por ela mesma, sem ser relacionada com o seu autor ou com a intenção que o próprio lhe conferiu. Isto originou então uma nova forma de olhar para um texto, pois até à data (e penso que ainda maioritariamente nos dias de hoje) as obras dos artistas eram estudadas em contexto com as suas circunstâncias e experiências de vida. 

 

Esta é sem dúvida uma ideia romântica e de certo modo apelativa. No entanto, será realmente possível desassociar completamente um artista, neste caso um escritor, da sua obra? Na realidade em que habitamos acho difícil e passo a explicar porquê:

 

Ao longo desta última década, temos vindo a assistir a uma revolução nos meios de comunicação provocada pelo grande crescimento das redes socias. Consequentemente, os autores têm vindo cada vez mais a desempenhar um papel ativo na divulgação do próprio livro, em conjunto com a editora. Por esta razão, penso que nunca a relação entre um escritor e a sua audiência foi tão relevante, podendo mesmo, em alguns casos, determinar o sucesso de um livro no mercado.

 

Adicionalmente, tendo em conta que todos temos experiências de vida diversas (género, nacionalidade, interesses, etnia, idade, etc.), quem está a escrever, a sua experiência de vida e porque decidiram escrever o que escreveram importa cada vez mais aos leitores. Neste sentido, não será a morte do artista/autor um conceito de certo modo utópico? 

 

Maria João

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

5. O caso da ameaça eletrónica

Ao refletir acerca da entrada 5 do programa – O caso da ameaça eletrónica – e tendo sido também um assunto tocado na aula passada, decidi partilhar a reportagem da RTP intitulada “Escritores, Editores e Plataformas Digitais”, que foca a forma como as plataformas digitais têm vindo a alterar o trabalho das editoras, das livrarias e até dos próprios escritores.


A disponibilização online dos livros levou a alterações substanciais no mercado editorial, na indústria livreira e na forma como os autores trabalham. A digitalização do suporte forçou o mercado a reorganizar-se e obrigou à redefinição de papéis. Assim sendo, a reportagem foca as mudanças a que os editores e as livrarias se tiveram de submeter de forma a acompanharem os tempos, modernizando-se, e passando também por temas como a aparente independência do autor face ao editor.


Com o eBook e a imensidão de plataformas digitais de partilha de livros, os autores passam a ter a oportunidade de disponibilizar diretamente as suas obras ao leitor, o que acarreta vantagens e desvantagens, novas oportunidades e grandes riscos (como o caso do artigo de Pedro Girão). Assim, o papel do editor tem vindo a alterar-se. Agora, os autores ganharam uma nova (aparente?) independência, sem que as suas obras tenham necessariamente de passar pela mão do editor: qualquer um pode vender o seu eBook em plataformas como a Amazon, iTunes ou Kobo, deixando de existir crivo. 


Atualmente, existem versões digitais de tudo, porém o eBook não substituiu ainda o livro impresso e penso que dificilmente o fará. O mercado é dependente deste último e é daí que os autores e os editores retiram grande parte dos seus lucros. Se pensarmos em casos concretos, a brutal afluência à Feira do Livro, como se verificou este ano, comprova esta tese. O prazer de comprar, cheirar e folhear um livro ainda não foi superado pelo digital. Não obstante, o eBook tem múltiplas vantagens como a acessibilidade e, em muitos casos, a gratuitidade. 


Posto isto, tem indubitavelmente existido uma progressiva democratização do livro, um cenário aparentemente ideal, mas sujeito a riscos. Qualquer um possui um tablet ou um smartphone, podendo, consequentemente, aceder a milhares de obras. Claramente, este fácil e alargado acesso altera o comportamento do consumidor, o que faz com que os editores procurem que o livro se adeque às necessidades daquele e, dessa forma, as editoras têm de se reinventar e modernizar, já que é o leitor quem impõe essas alterações. Contudo, a essência do livro será sempre uma boa história, independentemente do formato. 








Sugestão de leitura: A Máquina de Fazer Espanhóis

 Boa segunda-feira a todos!

Queria sugerir-vos uma leitura e partilhar um pensamento que me surgiu com ela. 

O livro em questão é 'A Máquina de Fazer Espanhóis' do Valter Hugo Mãe. Está escrito de uma forma que me faz lembrar a escrita de Saramago. Por isso mesmo, surgiu-me a dúvida: será que o editor tem de ter um cuidado especial na edição e revisão de um livro quando este está escrito, como é este o caso, de uma forma menos tradicional, isto é, sem letras maiúsculas e a maioria da pontuação?

Caso não conheçam o livro, deixo-vos aqui o link para a página no Goodreads: A Máquina de Fazer Espanhóis by Valter Hugo Mãe | Goodreads


Até amanhã!

Carolina

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Covid-19 e o mercado editorial

Lembrei-me destas duas publicações, ambas de 2020, referentes ao impacto da pandemia no mercado editorial. A publicação do Observador, datada de Abril de 2020, para além de dar a conhecer os números na quebra de vendas no setor, conta com a opinião de quatro editores sobre a realidade vivida, bem como o papel que o livro assumiu durante o confinamento. Já a publicação da Visão, datada de Outubro de 2020, revela um crescimento do mercado livreiro comparativamente ao início da pandemia (no entanto, Portugal registou uma recuperação inferior comparada com outros países).

Deixo as ligações para ambas as publicações abaixo:

https://www.google.com/amp/s/visao.sapo.pt/atualidade/cultura/2020-04-12-covid-19-o-mundo-dos-livros-vai-sobreviver-a-pandemia-quatro-editores-respondem/%3famp 

https://www.google.com/amp/s/observador.pt/2020/10/20/covid-19-mercado-livreiro-recupera-significativamente-mas-continua-com-saldo-negativo-diz-estudo/amp/ 


Desejo um bom fim-de-semana a todos. 

Patrícia 

O Espercialista: editor vs escritor

Lembrei-me deste sketch enquanto estávamos a analisar o início do filme Valerian.

Pus-me a pensar na função do editor de "descortinar" segundos e terceiros sentidos, que vão muito além do óbvio (muitas vezes não pensados pelo autor)...

Também na relação entre o editor e o escritor que, necessariamente, terá visões muito diferentes.

 




quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Sumário 1 – sinopse

 Filipa, Maria José, António, Eduardo, Bruna, Carolina. Pelo menos destes nomes talvez na próxima aula já me consiga lembrar. 

1. Avaliação, método, critérios. Um artigo final, a entregar na última aula. 

Modalidade 1. Nota, possibilidade de exame e/ou melhoria. (o exame de melhoria não baixa a nota. 

Modalidade 2. A participação oral ou escrita conta 10 a 30%.

2. Exercício 1: verbete (10-20 linhas chegam) sobre uma da entradas do programa. 

3. Faltou um editor. Abertura de Valérian: qual o problema? 

3.1. Os lapsozinhos: o caso das figuras de visita no primeiro corredor da estação de metro Aeroporto é semelhante ao da abertura no filme. 

3.2. A apropriação: palavras que todos usamos (a que horas chega o comboio? o táxi está livre?) viram marca de partido. O mesmo com a apropriação, pela mais extrema extrema-direita, do círculo feito unindo polegar e indicador, que tradicionalmente significa «Está tudo certo». Depois, fazem-se santinhos e mostram que o papa Francisco também fez esse gesto.  

4. Despublicar: com o papel não era possível. O caso Pedro Girão/Público. 'Despublicar' é coisa nova, permitida pelas novas ferramentas: em papel não é possível. Foi 'censura'? Foi critério editorial? Foi resolvido da melhor maneira? 

4.1. Um editorial de opinião ainda quentinho, mesmo quando esperávamos o caso arrefecido, de ontem-hoje 23-24/9 (!), está aqui, bem como ligações para seguir a polémica – mas, como pode o acesso pode calhar ser só para assinantes e ao contrário do prometido a Carolina não partilhou a palavra-passe, é reproduzido abaixo.

4.2. O abaixo-assinado, tal como o artigo despublicado, podem ser encontrados numa rápida pesquisa, que recomendo, pois o assunto é interessante e até daria uma bom trabalho final.

5. Dune, Blade Runner. Ficção científica ou ficção política?

6. «Quem sabe se a sopa está boa não é quem a faz, é quem a come.»



4.a. anexo:
Use as ferramentas de partilha que encontra na página de artigo.
Todos os conteúdos do PÚBLICO são protegidos por Direitos de Autor ao abrigo da legislação portuguesa, conforme os Termos e Condições.Os assinantes do jornal PÚBLICO têm direito a oferecer até 6 artigos exclusivos por mês a amigos ou familiares, usando a opção “Oferecer artigo” no topo da página. Apoie o jornalismo de qualidade do PÚBLICO.

https://www.publico.pt/2021/09/23/politica/editorial/manifesto-defesa-jornalismo-1978561

Manifesto em defesa do jornalismo

Manuel Carvalho

Circula por aí um manifesto pela liberdade de expressão que avançou sob a égide de princípios iluminados e recolheu certamente o apoio de muitos cidadãos de boa-fé. Mas, como tantas vezes acontece, sob a capa de bons princípios podem esconder-se estratégias sórdidas e objectivos grotescos. No caso, o que na verdade se pretende não é combater a censura: é derrubar a mediação do jornalismo. O que o manifesto quer não é a liberdade de expressão: é conseguir que jornais como o PÚBLICO se transformem num vazadouro semelhante às redes sociais onde grassa a superstição, o negacionismo, as teorias da conspiração ou as indignações do dia temperadas com o habitual insulto. O manifesto inspira-se em Rosa Luxemburgo e o PÚBLICO responde com Dolores Ibárruri, “La Pasionária”, outra luminária do radicalismo iliberal: “No pasarán!”

Como começo, vale a pena perguntar por que razão o PÚBLICO é o alvo desta sanha intimidatória feita em nome da liberdade de expressão. Não será por contar no seu painel de colunistas regulares com pessoas de todas as orientações políticas e ideológicas. Não será por ter publicado artigos de Raquel Varela a defender que os confinamentos nos levaram ao “limiar do totalitarismo”. Nem por ter acolhido textos de Paulo de Morais, outro subscritor, a descrever o país como um pântano de corrupção sem nunca ter divulgado um só caso em concreto. Não, o pretexto formal foi a publicação e posterior despublicação de um artigo do médico Pedro Girão.

Peguemos, então, nesse caso. Certo: a publicação foi um erro, ocorrido em tempo de férias e despublicado por ferir as normas do nosso Livro de Estilo. Pedimos desculpa por esse erro e discutimos as nossas razões com os leitores e com o autor num texto de crítica e resposta franco e aberto. Pedro Girão voltou, entretanto, a escrever no jornal, mantendo as suas críticas ao “pensamento único”, as suas reflexões sobre o carácter transitório das verdades da ciência e as suas ideias (erradas, na nossa opinião, mas legítimas) sobre a gestão da pandemia.

Ainda assim, o manifesto insiste em acusar o PÚBLICO de censura, pelo que convém pôr as coisas no devido lugar. Primeiro, recordando que o PÚBLICO não é um jornal de parede nem um albergue onde cabem todas as opiniões. Os seus leitores sabem bem qual é a sua natureza, o seu propósito e os seus valores. Sabem que nos regemos por um estatuto editorial e por um Livro de Estilo que, em matéria de opinião, obriga, por exemplo, “ao respeito pela linguagem não insultuosa e não panfletária” ou exige que “a opinião deverá ser sempre devidamente fundamentada”. Sabem que somos o único jornal do país com um provedor do Leitor e um Conselho de Leitores (desactivado desde o início da pandemia, é certo). Internamente, temos o privilégio de manter um Conselho de Redacção vigilante e crítico. E, em decorrência da Lei de Imprensa, sabem também que o PÚBLICO tem um director para “orientar, superintender e determinar o conteúdo da publicação”.

Confundir “censura” com mediação e com a aplicação de critérios editoriais só não é sinal de ignorância porque está fora de causa a craveira intelectual dos mentores do manifesto. Sobra então o seu propósito essencial: a vontade de ingerirem na liberdade editorial do jornal e o desejo incontido de abolirem as regras que garantem a sua identidade e credibilidade. Os manifestantes querem que o PÚBLICO, hoje, e outros jornais, amanhã, aceitem e publiquem sem reservas todos os seus devaneios, verdades retorcidas ou mundivisões eivadas de ressentimento aprimoradas pela desinformação. Querem, afinal, deslegitimar o jornalismo fundado na deontologia, na lei e na responsabilidade perante a sociedade para o transformar numa cloaca onde, em nome da liberdade de expressão, a superstição, a mentira ou os fantasmas da conspiração se instituam.

Usar um manifesto como um ataque ad hominem com o propósito de forçar o PÚBLICO a publicar o que não cabe na sua orientação editorial é, por isso, uma tentativa de esvaziar os direitos dos jornalistas de decidir o que é ou não notícia ou separar a opinião relevante da opinião manipuladora.

Neste vale-tudo, Raquel Varela tem até o descaramento de dizer que a assinatura do manifesto deu origem a uma “perseguição” da parte do PÚBLICO a partir dos erros do seu currículo. Uma mentira facilmente desmascarada pela sua conta no Facebook, na qual, a 27 de Julho, há dois meses, quando soube da nossa investigação, prometeu levar o jornalista a tribunal se avançasse com o seu dever profissional. Se há quem tenha argumentos para dizer que esta campanha é uma “perseguição”, é, portanto, o PÚBLICO. Não vamos por aí, embora saibamos que há sempre um preço a pagar pelo dever de fazer jornalismo. Nada, portanto, a esconder: escrutinar um concurso com dinheiros públicos no qual a historiadora apresentou um currículo favorecido por vários erros é jornalismo e nada mais do que jornalismo. Se a notícia surgiu agora, é porque só agora o Instituto de História Contemporânea, que lhe retirou o apoio, validou a nossa informação.

Isto dito, repita-se uma recomendação aos mentores do manifesto (e só a esses, para evitar ferir a boa-fé de muitos que o subscreveram em nome de altos princípios): não nos intimidam. A lógica irresponsável das redes sociais onde gostam de se banquetear não vai subverter o nosso jornalismo, os nossos valores nem os nossos deveres para com a sociedade. No PÚBLICO, quem determina o que se publica ou não publica são os seus jornalistas, os seus editores e os seus directores. O juízo das nossas escolhas editoriais não cede a manifestos intimidatórios: obedece apenas à lei, ao bem comum, à nossa consciência e às necessidades e apoio dos nossos leitores.


Programa e critérios de avaliação

Avaliação: trabalho final, exercícios voluntários, participação. Exame final.  

O aluno participa? Isso conta para a nota final: 10 a 30%.

O aluno só faz o trabalho final? Vale 100%.

Prazo para entregar o trabalho: última aula do semestre.


O. Questões preliminares

0.1. O que é editar?
0.2. Um mundo em mudança
0.3. Economia ou cultura?

1. Um livro é um livro?
1.1. A perspectiva do autor
1.2. A perspectiva do editor
1.3. Outras: livreiro, distribuidor, Estado, media, leitor

2. A natureza da edição
2.1. Livro, jornal, revista – o que edissão
2.2. Coerência interna – a regra do jogo
2.3. Uma actividade comercial ou cultural? 
2.4. Modos de produção. Do pré ao pós, uma dança contínua

3. A casa
3.1. Pequeno grande editor
3.2. Marcar a diferença, conhecer o mercado
3.3. Tradutor, revisor, designer, paginador, marqueteiro
3.4 Ciência, arte, lotaria – racionalidade e irracionalidade

4. O jogo dos papéis
4.1. O editing – prós e contras
4.2. A edição crítica
4.3. Do filho de Eça de Queirós a Gordon Lish

5O Caso da Ameaça Eletrônica
5.1. Do Bubble Gum ao Bubble Blog
5.2. Novos suportes, velhos importes
5.3. Um romance é igual à Enciclopédia Britânica?
5.4. Admirável mundo novo: ibuques, dibuques, amazonas

6. Da edição amadora à edição profissional
6.1. Autor morto, autor posto
 6.2. O contrato do desenhador
6.3. Onde pára o livro?
6.4. Os novos marcadores: grandes grupos, escuteiros, marqueteiros

7. Os parceiros do livro
7.1. Livrarias, alfarrabistas, hipermercados
7.2. A feira permanente
7.3. Prémios literários, importações, exportações
7.4. O Estado, programas de apoio
7.5. Os órgãos de comunicação
7.6. A morte do artista

8. Estudos de caso 
8.1. Companhia das Letras: sete pecados capitais
8.2. O editor de actas
8.3. [A preencher quando soubermos o quê]
8.4. A Booktailors - Consultores Editoriais

9. O futuro do livro
9.1. Do livro electrónico
9.2. Do livro em papel
9.3. Os papéis do livro
9.4. Nada Tudo está por inventar

10. O que quero ler/editar?
10.1. Artesanato ou indústria?
10.2. Arte ou ciência?
10.3. Sonho lindo ou realidade deprimente?
10.4. Publicando the Great American Novel
10.5. O feiticeiro de Oz

Bibliografia geral
 ● BACELLAR, Laura, Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação, S. Paulo, Mercuryo, 2001
● BAILEY, Herbert S., The Art & Science of Book Publishing, Athens, Ohio U.P., 1990
● BARZUN, Jacques, On Writing, Editing, and Publishing, Chicago, CUP, 1986
● BLASSELLE, Bruno, Histoire du Livre, Paris, Gallimard, 1998
● CALVINO, Italo, Se numa Noite de Inverno um Viajante, Lisboa, Teorema, 2000
● DUCHESNE, A., LEGUAY, Th., Petite Fabrique de Littérature, Paris, Magnard, 1984
● ECO, Umberto, O Pêndulo de Foucault, Lisboa, Difel, 1998
● EPSTEIN, Jason, Book Business - Publishing Past, Present and Future, Nova Iorque: Norton, 2002
● ESCARPIT, Robert, Sociologie de la Littérature, Paris, P.U.F., 1986 [1958]
● COSTA, Sara Figueiredo, Fernando Guedes - O decano dos Editores Portugueses, Lisboa, Booktailors, 2012
● COSTA, Sara Figueiredo, Carlos da Veiga Ferreira - Os Editores não se abatem, Lisboa, Booktailors, 2013
● FURTADO, José Afonso, Os Livros e as Leituras. Novas Ecologias da Informação, Lisboa, Livros e Leituras, 2000 
● FURTADO, José Afonso, A Edição de Livros e a Gestão Estratégica, Lisboa, Booktailors, 2009
● GROSS, Gerald (org.), Editors on Editing – An Inside View of What Editors Really Do, Nova Iorque, Harper & Row, 1985 [1962]
● GUTHRIE, Richard, Publishing – Principles & Practice, Londres, Sage, 2011
● JACKSON, Kevin, Invisible Forms, Nova Iorque, St. Martin’s Press, 2000
● LUCAS, Thierry, Le Guide de l’Auteur et du Petit Editeur, Lyon, AGEC-Juris, 1999
● MORFUACE, Pauline, Les comités de lecture, Ecrire et Éditer 3, Vitry, Publ. Du Calcre, Março 1998
● SAAL, Rollene, (The New York Public Library) Guide to Reading Groups, Nova Iorque, Crown Publ., 1995
●SCHIFFRIN, André, O Negócio dos Livros, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2006
● ZINK, Rui, O Anibaleitor. Lisboa, Teodolito, 2014


● Outras fontes a consultar: APEL, UEP, revistas literárias, Twitter e Facebook de editoras, publicações, personagens da indústria (ex.: Publishers Weekly, Ler), blogs sobre edição e livros na Internet, Tedi09.blogspot.com, Blogtailors…

Como funciona este blog?

 Da forma mais simples: é como um caderno de viagem. O que pomos num caderno assim? Tudo, até folhas secas ou bilhetes para um concerto que adorámos. Coisas para não esquecermos, lembretes, pequenas observações, recortes de notícias que achámos interessantes.


Neste caso, o caderno tem duas faces: 1) é nosso, não individual (embora cada entrada seja assinada), b) sendo da cadeira, é de assuntos relativos a ela.

S.f.f., colabore. Faz parte do seu trabalho.

aqui fica (no 'aqui', é prático, basta clicar lá) desde já uma ligação interessante. E fica a pergunta: será mesmo?

Por fala nisso:

Sabe de onde vem a palavra blog?


Calinadas

« As pessoas divertem-se muito a descobrir erros nos jornais, por isso gostava de lembrar que os primeiros a ser dispensados, muito antes de...