segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Livros, bons presentes para todos - Natal APEL

 Boa tarde!


Gostaria de partilhar convosco o vídeo de natal da  Associação Portuguesa de Escritores e Livreiros (APEL) deste ano. 

Livros, bons presentes para todos - Natal APEL - YouTube

É interessante notar que o livro como um presente está associado ao livro em papel e, automaticamente, à emoção. 

"Com um livro, os natais têm mais emoção." 

"Livros, bons presentes para todos."


Até breve, 

Patrícia Fernandes

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Aula de ontem e Hermínio Monteiro

 Um bocadinho exagerado, este artigo. O Hermínio não foi esquecido nem o Manuel Rosa é um vilão. Nunca esquecer: ao vociferar contra o mundo, o articulista está com frequência a falar mais de si próprio (das suas paixões, pancadas etc.) do que do mundo lá fora. Feita esta ressalva, é interessante. 

Boas e pertinentes questões (ligação aqui). Se quiserem, acrescentem as outras duas. Editem, se for caso disso  Assim, teremos uma lista de compras. É, digamos, o princípio do saber. (E repararão que o digamos é desnecessário, tem apenas uma função rítmica, ajuda a marcar o tom.)


E uma amiga enviou-me isto, pelo chat do FB:

olha que boniti [sic]:

Texto de Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), de 1953:

"Que fizeste da vida, Tristão?

AMEI - Tive filhos e netos - Escrevi livros - Fui professor - Tive amigos e inimigos - Rezei - Já tive pior memória e vista melhor do que hoje - Aprendi, nos Estados Unidos, a ajudar minha mulher nos serviços domésticos - Atravessei a nado da Urca ao Morro da Viúva - Conversei 10 horas seguidas com Maritain - Fui amigo do Cardeal Leme, Jackson de Figueiredo e Wagner Dutra - Gostei de andar a pé - Detestei ouvir rádio - Escrevo a lápis - Gostei muito de música - Não fumei - Só usei gravata preta - Adorei a Deus - Pequei - Visitei várias vezes a Europa - Fui professor nos Estados Unidos - Tive remorsos - Fui crítico literário - Ensinei na Sorbonne - Detestei meus tempos de ginásio - Estudei música com Alberto Nepomuceno - Levarei para o túmulo um vício inveterado que, em jovem, me fez abandonar a advocacia: não faço uma afirmação sem sentir logo o protesto abafado das negações que ela implica - Fui sempre um aluno medíocre - Nunca fui profissional de nada - Sentei-me, provavelmente, ao lado de Péguy nos cursos de Bergson em 1913 e 1914 sem o saber - A grande e a grata surpresa da vida: os homens são melhores do que pensamos - Guiei automóvel de Quebec à capital do México - Mas hesitei dois meses em guiar no Rio - Entreguei pessoalmente meu livro "Mensagem de Roma" ao Papa - Nunca conversei com meu barbeiro - Discuti com Bernanos - Conversei 3 horas com Thomas Merton - Atravessei os Andes a cavalo - Fui presidente da Ação Católica - Nunca estive em escola primária - Recebi as primeiras letras de minha mãe e desse coxo João Köpke, o maior educador brasileiro - A virtude que mais admiro é a naturalidade - O vício que mais detesto, o farisaísmo - Desde os três anos tenho horror às roupas apertadas - De tudo quanto tenho escrito só reli, com prazer, a evocação da casa em que nasci - Considero a crítica uma experiência pendular entre a grande dignidade e a grande vaidade literária - À medida que nos aproximamos do fim da vida, fatalmente temos que escolher entre a humildade e a estupidez - Faço este ano 60 anos. Que surpresa e, olhando para trás, que deserto - Morrerei quando Deus quiser."

Alceu Amoroso Lima


Está aberto o agendamento voluntário para apresentação do trabalho/projeto

 Lista: 

BANG!

Não sei se conhecem a revista Bang!. É uma revista literária de fantasia, ficção científica e horror, editada pela Saída de Emergência. (É grátis, distribuída pela Fnac, mas desaparece num instante quando sai.)

Nalguns dos números mais recentes da revista, o editor decidiu abordar nos editoriais questões relacionadas com o mundo editorial; explica de forma clara coisas que muitos de nós (ainda) desconhecemos e que são importantes para os leitores comuns e para nós, futuros editores, ainda mais.

Deixo aqui os links

Todas as revistas estão disponíveis online, e têm alguns artigos muito interessantes, entre outras coisas giras. Quem não conhecer e tiver interesse, deem uma vista de olhos!





quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Atribuição de ISBN a um livro

 Olá a todos, 


Segundo a minha pesquisa, o pedido de atribuição de ISBN a um livro deve ser feito através do preenchimento online de um formulário no site da Agência Nacional ISBN, pertencente à APEL: https://isbn.apel.pt/pedido

Posteriormente, existem vários modelos de atribuição de códigos que têm em conta se o editor é ou não profissional, o número de livros que pretende publicar (e portanto, o número de códigos que pretende que lhe sejam atribuídos), se é uma edição única de autor, entre outros aspetos. Por exemplo, o número de dígitos no prefixo do código remete para a quantidade de números ISBN que podem ser atribuídos a determinada entidade (um prefixo de 5 dígitos permite a atribuição de 10 códigos ISBN, enquanto um prefixo de 3 dígitos permite a atribuição de 1000).  A atribuição dos códigos tem também um custo associado. Quando esse número se esgota é necessário pedir a atribuição de um novo prefixo, que tem um novo custo associado.


Fontes e mais informações:

http://www.apel.pt/pageview.aspx?pageid=213&langid=1#

https://isbn.apel.pt/resources/faq.html#section11





Isto é apenas um Plano B (em caso de a coisa correr mal)

 Olá! 


Você foi convidado para uma reunião do(a) Zoom.

Quando: 18 nov. 2021 06:00 da tarde Lisboa 


Inscreva-se antecipadamente para esta reunião: 

https://videoconf-colibri.zoom.us/meeting/register/tZUtduutrzwoGtK3JHduHpqDZD7iB_LwQ2Vw 


Após a inscrição, você receberá um e-mail de confirmação contendo informações sobre como entrar na reunião.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

"Volta ao Mundo em Cem Livros" estreia dia 14 de novembro na RTP3

Boa noite! 

No próximo dia 14 de novembro estreia o programa "Volta ao Mundo em Cem Livros" na RTP3. Vai ser apresentado pela jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho. Podemos contar, nos próximos 100 domingos, com um novo programa, bastando ligar a nossa televisão ou a RTPplay pelas 17h50.

É-nos prometida uma viagem literária que nos dará a conhecer livros da Antiguidade até aos dias de hoje. 

É "um programa obrigatório para quem gosta de ler". 

“Volta ao Mundo em Cem Livros”. Jornalista Alexandra Lucas Coelho estreia programa sobre livros na RTP3 (comunidadeculturaearte.com)


Até quinta!

Patrícia Fernandes

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Confirma-se. Quinta 11 não há aulas.

 Presumo que também tenham perguntado. Esta quinta não temos aula. Mas, para quem quiser assistir, há duas defesas de mestrado, desta feita presenciais e, como sempre, públicas.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Era uma vez em Hollywood

Saiu no mês passado a tradução portuguesa de Era uma vez em Hollywood, o "romance de estreia de Quentin Tarantino, inspirado no seu aclamado filme".

Calhei a ver o filme na altura em que saiu, no verão de 2019; mas não fazia ideia de que, entretanto, o realizador tinha decidido aventurar-se na literatura. Estamos tão habituados à ordem Livro > Filme, que achei interessante ver o oposto, e tenho muita curiosidade em (já agora: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-regencia-de-curioso/24453#) ler o livro e descobrir se é fiel ao filme. Fica a sugestão de leitura.



E para quem ainda não o viu nas estações de metro, aqui está um anúncio que me lembrou logo da capa daquele álbum dos Sex Pistols:





quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Book Trailer: No final, morrem os dois

Deixo aqui o meu book trailer para o livro "No final, morrem os dois".  Espero que gostem!


Book Trailer: Modos de Ver de J


 

'Sebenta' do docente

Conforme prometido, deixei hoje disponível uma espécie de sebenta da cadeira na Nova Cópia, a casa das folhas junto à Associação de Estudantes. Nada há lá que, geralmente, não seja dito em aula - e não seja dito de forma melhor e mais aprofundada em outros textos da bibliografia. 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Richard Zenith, o editor pessoano

Durante a aula de ontem de Poéticas Contemporâneas sobre Fernando Pessoa, a profª Paula Costa referiu que editar Pessoa é um desafio, uma vez que a própria figura do autor bem como a natureza do livro e a definição do texto literário estão constantemente a ser postos em causa. Para além disso, quem quer editar Pessoa depara-se com a dificuldade em ler a sua caligrafia, textos com lacunas e não terminados e problemas em dar ordem e coerência aos textos. 

Mencionou ainda a pertinência do trabalho editorial de Richard Zenith. Fui descobrir um pouco mais sobre este editor e encontrei um pequeno vídeo no Youtube no qual Richard levanta algumas questões sobre a edição da obra pessoana como a edição crítica vs a edição diplomática, tradução e transcrição. 

Prevê-se que o livro Pessoa: A Biography, de Richard Zenith, recentemente publicado no mercado livreiro anglo-americano, chegue às nossas livrarias no primeiro semestre do próximo ano.

Deixo aqui o link do vídeo para quem estiver interessado:


Uma boa semana para todos!

Patrícia Fernandes

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

'A Arte do Romance', Milan Kundera (opinião)

 ‘A Arte do Romance’ é um livro de não-ficção, em que Milan Kundera reflecte sobre o seu próprio trabalho enquanto romancista (e não escritor, porque os romancistas querem esconder-se por de trás do seu trabalho, deixando-o falar por si, segundo o autor). Dividido em sete partes, tal como a maioria dos romances de Kundera, este livro é composto por reflexões do autor sobre a importância do romance ao longo dos séculos, excertos de entrevistas que Kundera deu e até por definições das “palavras-tema” nas quais os seus textos se baseiam.

É interessante como o livro começa e acaba como se fosse um círculo. Isto é, a primeira e última partes comunicam entre si como se a primeira fosse a introdução e a última fosse a conclusão que reforça alguns dos pontos importantes que foram introduzidos na primeira.

Para além de tudo isso, o que mais me atraiu a este livro – e eu não costumo ler não-ficção – foi mesmo o facto de puder ter acesso às ideias de um autor sobre os livros que escreveu. Como é que ele pensou nos temas, como é que organizou as suas histórias, o que pensa sobre as questões mais importantes deixadas por cada personagem.

Já tinha lido A Insustentável Leveza do Ser em 2020 e agora ainda fiquei mais interessada em reler esta obra que me intrigou tanto na altura. Lê-la à luz das ideias de Kundera sobre ela é uma experiência totalmente diferente. Esta leitura também me fez querer ler muitos outros livros que Kundera escreveu e que são mencionados neste livro (acho que está na altura de preparar a minha lista de prendas para o Natal).

Deixo aqui algumas considerações minhas sobre as partes do livro que mais me suscitaram interesse:

O primeiro capítulo é “A Herança Desacreditada de Cervantes”, onde o autor elabora sobre a história do romance europeu – referindo alguns dos maiores romancistas como Tolstoi, Flaubert e Kafka – desde os tempos de Descartes até aos dos media modernos. A importância do romance na cultura europeia é afectada por uma crise, crise essa que se estende desde os tempos dos filósofos coetâneos de Galileu. Assim, presume-se que esta é uma crise de identidade, que move os europeus numa busca incessante pelas respostas às mil e uma questões que, ao longo da história, os assombraram: Deus existe? O que é o pensamento? O que é o tempo?

Só que, de tanto procurarem estas respostas, os Homens acabaram por reduzir o mundo apenas aos domínios das ciências técnicas e exactas – um pouco como hoje ainda acontece – pondo de lado todos os outros domínios da existência, deslocando-se para o que Heidegger, discípulo de Husserl, chamava “o esquecimento do ser”.

Desta forma, o romance surge como a tentativa de lembrar a humanidade do próprio ser, impedindo este tal esquecimento; enquanto, simultaneamente, permite à sociedade pensar e descobrir-se a si própria. Esta arte do romance como “a exploração do ser esquecido” começou, justamente, com Cervantes, autor de D. Quixote

Como o romance joga com diferentes opiniões e “verdades” de várias personagens, impedindo que o leitor e o protagonista se guiem por uma verdade suprema ditada por Deus, a sabedoria do romance, “a sabedoria da incerteza”, como está presenta em D. Quixote, é difícil de compreender. E, com o passar dos séculos, os seus temas e formas de abordar as várias possibilidades da existência vão mudando. Chega a um ponto em que a aventura deixa de ser o centro, para passar a ser imensos paradoxos, consequência do próprio evoluir dos tempos modernos e os efeitos que isso tem nas pessoas, como a alienação do ser, a ideia de uma máquina totalitária que tudo engole e da qual a humanidade não consegue fugir. Embora se esperasse que a modernidade tornasse humanidade, dividida em várias culturas, em uma unidade na qual todos podiam prosperar, essa unidade revelou-se na guerra (Primeira Guerrra Mundial), impondo o sentimento de que “ninguém pode escapar para parte nenhuma” porque a guerra está em todo o lado, ninguém consegue fugir à unidade da Humanidade.

O momento em que os romances começam a focar nesses paradoxos e na ideia de que o Homem não pode fugir para parte nenhuma coincide com os romances de Kafka, em que a guerra não é algo exterior e facilmente identificável, mas é todo um sistema que governa todos os aspectos da vida dos cidadãos e, claro, ao qual estes não podem sequer ousar escapar.

No evoluir da sociedade para a afirmação e consolidação de regimes totalitários, o romance revela-se algo perecível. Sendo ele o reino das ambiguidades do pensamento humano, não tem qualquer lugar nos regimes totalitários. Assim, ele morre, de forma subtil e despercebida, mas efectiva. “Se realmente o romance tem de desaparecer, não é que tenha esgotado as suas forças, mas é porque se encontra num mundo que já não é o seu”.

Com efeito, o século XX (e mais tarde o XXI) tem um espírito dominado pelos mass media, que é contrário ao do romance. “O espírito do romance é o espírito da complexidade. Cada romance diz ao leitor que as coisas são mais complicadas do que tu pensas. É a verdade eterna do romance, mas que cada vez se faz menos ouvir na algazarra das respostas simples e rápidas que procedem a pergunta e a excluem”. De uma certa medida, isto é verdade. O ritmo acelerado, a urgência das notícias, a sua simplicidade, tudo são características contrárias às do romance.

 No caso de Portugal, é bem verdade que as redes sociais têm muito mais utilizadores do que os livros têm leitores, talvez porque ler implica ter atenção prolongada, dedicação e paciência, tudo coisas que levam tempo e que os media, pelo seu carácter instantâneo, não invocam. São mundos contrários, mas até que ponto é que um pode mesmo excluir o outro? Nas notícias, normalmente há uma versão dos acontecimentos e um lado bom e um lado mau, ao passo que nos romances, normalmente a questão é mais complexa do que este preto no branco. O tempo do romance é uma continuidade e comunicação permanentes entre o passado, o presente e o futuro (os três tempos de Agostinho), ao passo que as notícias são puramente fruto do presente, deixando de ter valor rapidamente quando o tempo passa.

“Incluído neste sistema, o romance já não é obra (coisa destinada a durar, a ligar o passado ao futuro) mas acontecimento da actualidade como outros acontecimentos, um gesto sem amanhã”, referência às notícias que surgem hoje, mas nunca mais têm follow-up, ao contrário dos romances que costumam ser lidos muitos anos depois, e até seculos depois de terem sido publicados. Ou seja, se o romance quer continuar a existir dentro da sua história, se quiser continuar a evoluir, tem de fazer o seu percurso “contra o progresso do mundo”.

Esta ideia final da corrupção dos mass media no espírito do romance é reiterado no discurso de agradecimento de Kundera quando ganhou o Prémio de Jerusalém em 1985, a última parte deste livro com o nome Discurso de Jerusalém: O Romance e a Europa.

Milan Kundera, sendo checo, vê em Kafka uma grande inspiração. Em Algures lá Atrás, Kundera reflecte sobre o que é ser kafkiano e na importância da herança da obra de Franz Kafka para a história do romance. Vemos um romancista checo a comunicar com outro muito mais antigo do que o primeiro, mas infinitamente contemporâneo, porque, tal como Kundera escreve: 

 “Efectivamente, se, em vez de procurar o «poema» escondido «algures lá atrás», o poeta «se comprometer a servir uma verdade antecipadamente conhecida (que se oferece a si própria e que está «ali à frente»), está a renunciar deste modo à própria missão da poesia”. Por outras palavras, Kafka esteve à frente do seu tempo, como se de um visionário se tratasse e é isso que os romances devem almejar.

Com efeito, estas influências são muitas vezes citadas por Kundera nas entrevistas que deu a Christian Salmon. Esta entrevista está presente em duas partes do livro: Conversa sobre a arte do romance e Conversa sobre a composição, em que Kundera explica como é que organiza as suas composições, a influência que a música clássica tem nas suas obras, se os seus romances podem ser considerados psicológicos e como é que se fundem num conjunto de palavras-tema.

E, numa chamada de atenção bastante directa aos tradutores que fazem um mau trabalho na interpretação das suas obras e lhes deturpam o sentido, como diz Kundera, este passa a expor um conjunto de definições, como se fosse um dicionário das palavras-tema nas quais os seus romances se baseiam. Por exemplo, o que ele pensa sobre as palavras-tema de A Insustentável Leveza do Ser: “Ser”, “Peso”, “Leveza”, etc.

Concluindo este post, obrigada ao professor por me ter emprestado este livro e por, assim, indirectamente, ter reavivado o meu interesse por Milan Kundera. Já sei o que é que a minha família me vai oferecer pelo Natal.

Calinadas

« As pessoas divertem-se muito a descobrir erros nos jornais, por isso gostava de lembrar que os primeiros a ser dispensados, muito antes de...